Divagações: Jack and Jill
17.2.12
Honestidade. Se há alguma coisa positiva em Jack and Jill, sem dúvida,
é isso. Afinal, em nenhum momento o filme se dá ao trabalho de tentar enganar o
espectador fingindo que é melhor do que realmente é. Desde o primeiro momento,
no primeiro material de divulgação, sabíamos o que ele seria: uma comédia de
baixo nível estrelada por Adam Sandler em não apenas um, mas dois papéis.
Exatamente, meus caros, o potencial para o mau gosto é inacreditável quando um ator resolve
interpretar a sua própria gêmea – assim, qualquer surpresa é uma boa surpresa,
ou será que não?
No
filme, Jack Sadelstein (Adam Sandler) é um publicitário bem sucedido, que só
quer passar o fim de ano com sua esposa (Katie Holmes) e seus filhos (Elodie Tougne
e Rohan Chand).
Sua tranquilidade é abalada com a chegada da sua irmã gêmea Jill Sadelstein
(Adam Sandler, novamente), que resolve passar as festas com a família. O
problema é que Jill é inconveniente e, bem, uma pessoa não muito usual (justamente
o que poderíamos esperar de um Adam Sandler de peruca). Para piorar, ao mesmo
tempo em que tenta tirar Jill de sua casa antes de sua grande viagem de ano
novo, Jack tem de lidar com uma grande campanha envolvendo Al Pacino (como ele
mesmo).
Antes
de qualquer coisa, gostaria de esclarecer que o filme, apesar de todas as
críticas esperadas para algo desse naipe, é, no mínimo, inofensivo. Mesmo não
sendo o maior exemplar do bom gosto, não chega a agredir ninguém com
escatologia como certas outras comédias fazem. Certamente não é um humor refinado,
mas em vista do que poderia ter sido, sem dúvida, o resultado não é dos piores.
A história é previsível e tem todos aqueles elementos que você
consegue pescar já de início, os personagens são bastante caricatos e não se
desenvolvem muito no decorrer da trama, mas ao menos conseguem extrair algumas
piadas interessantes das próprias características marcantes de cada um, mesmo
que elas cheguem a cansar lá pelo final do filme, já que as variações são bem
limitadas.
Adam Sandler não consegue segurar o filme sozinho e, certamente, não haveria
nada para se salvar se o elenco de apoio não existisse. Uma das coisas
interessantes é justamente a existência dos personagens secundários, como o
jardineiro Felipe (Eugenio Derbez, que também tem um papel feminino complementar) e suas
infinitesimais piadas sobre a imigração clandestina, além do próprio Al Pacino,
absolutamente insano neste filme (certamente um alvo de críticas dos mais
puristas), que impedem que a história canse ainda mais cedo.
No mais, Jack and Jill é uma daquelas onipresentes comédias baratas
que surgem durante o ano. Muitos podem torcer o nariz e afirmar que esse é o
pior filme da temporada, mas dizer isso seria injusto com uma obra que nunca
teve a pretensão de ser “boa”. Creio que ele tem tudo para agradar aquelas
pessoas que não levam o cinema a sério. Assim, Jack and Jill deve achar o seu
público, gerar o seu lucro e acabar esquecido como muitos outros. Pensar nele
de outro modo é com certeza, um exercício infrutífero.
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
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