Divagações: Fire With Fire
26.2.13
Eu realmente não entendo como certas coisas acontecem. Praticamente seis meses depois de ser lançado diretamente em DVD nos Estados Unidos (o que por si só já não é um bom sinal), Fire With Fire chegou aos cinemas no Brasil. Com tantos títulos interessantes chegando apenas em DVD por aqui, só posso classificar isso como algo muito estranho. Alguém me explica qual foi a lógica dos distribuidores? Brasileiros gostam de ação? Do Bruce Willis? De vilões com uma suástica tatuada na papada?
Jeremy Coleman (Josh Duhamel) é um bombeiro jovem e bonitão, que ama seu trabalho e gosta de se divertir. Por acaso, ele testemunha um homicídio duplo e se torna a única pessoa capaz de colocar atrás das grades um grande criminoso, David Hagan (Vincent D'Onofrio). Já Mike Cella (Bruce Willis) é o agente que busca por Hagan há anos e decide colocar Coleman no programa de proteção à testemunha. Bem longe de casa, o jovem se apaixona por uma policial, Talia Durham (Rosario Dawson), mas é obrigado a se afastar dela quando os dois sofrem um atentado.
Ao contrário do que acontece com Arnold Schwarzenegger em The Last Stand, Bruce Willis não é nem um pouco aproveitado, ficando praticamente o tempo todo confinado ao escritório e vestindo camisas leves de algodão que lembram pijamas. Traduzindo: ele não participa de nenhuma cena de ação! Fire With Fire é totalmente entregue nas mãos de Josh Duhamel, que faz um bom trabalho, mas não interpreta um herói ou um vigilante.
Na verdade, é até interessante ver um protagonista totalmente despreparado em busca de vingança. Ele não sabe como conseguir informações, só sabe atirar com uma arma, faz cara de confuso e apanha de gangues em sua própria cidade (foi divertido quando algumas pessoas na minha sessão reconheceram a participação de 50 Cent). Tudo isso é bem mostrado, deixando pouco espaço para a vingança em si e é nesse ponto que está o problema.
Quando chega a hora de mostrar a que veio, Fire With Fire se torna morno (apesar das chamas) e o público começa a olhar para o relógio. Mesmo tendo apenas uma hora e quarenta minutos, o filme parece bem mais longo. O diretor David Barrett é experiente na televisão, mas esse é seu primeiro trabalho no cinema e talvez ele tenha ficado atrapalhado com o ritmo que pretendia dar.
Vincent D'Onofrio dá medo, mas em nenhum momento fica claro o que ele realmente faz para ganhar dinheiro (a propósito, todos os capangas são brancos e carecas). A clara falta de ânimo de Bruce Willis também prejudica. Como ele é branco e careca, cheguei a pensar como seria legal se ele estivesse ao lado do inimigo, mas não há nenhuma grande surpresa nesse filme. Tudo é muito previsível.
Sei que as opções em geral andam fracas, mas os fãs de filmes de ação vão encontrar muito pouco para se empolgar em Fire With Fire. Há violência, mas nenhuma boa perseguição. Talvez o melhor público sejam os admiradores de Josh Duhamel ou de Rosario Dawson, que conseguem ao menos sair com dignidade de um filme tão esquecível. Ele, em especial, está um pouco fora daquilo que normalmente faz e acredito que poderia fazer novas experiências como herói de ação, desde que com um roteiro melhor e colegas menos apáticos.
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