Divagações: Tainá - A Origem
19.2.13
Há doze anos, Eunice Baía encantava a todos em Tainá - Uma Aventura na Amazônia. Era um filmes simples, que se passava na floresta e focava em um público infantil, conseguindo a atenção dos adultos através das belas paisagens e dos animais. O apelo continua o mesmo em Tainá - A Origem, terceiro filme da franquia, mas perdeu o ar de novidade.
A nova protagonista é a pequena Wiranu Tembé, que foi escolhida mesmo sendo mais nova que a atriz procurada (os produtores buscavam uma menina de oito anos) e sem saber falar português. O roteiro foi adaptado, a menina estudou e a escolha parece ter sido a ideal. Ela é absolutamente encantadora e sua busca por respostas parece completamente plausível – afinal, todos precisam passar pela fase dos “porquês”.
Criada pelo avô Tigê (Gracindo Júnior), Tainá (Wiranu Tembé) é a última de sua tribo de índias guerreiras. Assim, enquanto descobre sobre sua mãe, ela também assume a missão de proteger uma árvore sagrada, a primeira da floresta. No percurso, Tainá encontra Laurinha (Beatriz Noskoski), uma menina que fugiu da casa do avô, Teodoro (Nuno Leal Maia), e também começa a ser perseguida por um grupo liderado por Vitor (Guilherme Berenguer), que pretende derrubar a árvore e vendê-la para um laboratório. As duas garotas contam com o apoio do indiozinho Gobí (Igor Ozzy), realmente inteligente e dono de um notebook; ao mesmo tempo, o vilão tem como capangas Luna (Laila Zaid) e Bu (Leon Goes), uma espécie de alívio cômico.
A fórmula de Tainá - A Origem é simples e segue o que é oferecido por boa parte dos produtos nacionais destinados ao público infantil, com vilões atrapalhados e crianças espertas. Obviamente, todos os buracos no roteiro servem para beneficiar os protagonistas e o final feliz é mais do que esperado. Além disso, ao final, todos aprendem alguma coisa e terminam a aventura com um conhecimento que os transformam em pessoas melhores.
Aparentemente, os produtores não viram a necessidade de conexão com os filmes anteriores e atualizaram a tecnologia ao mesmo tempo em que rejuvenesceram a personagem principal. Suponho que isso não incomode as crianças e, para falar a verdade, nem eu me importei muito. Como nada faz muito sentido – e o sinal de celular é excelente – só nos resta embarcar na aventura e aproveitar a sessão.
Apenas dois pontos me incomodaram um pouco. O primeiro é a maneira como foi retratada a tribo de Gobí. O chefe, que também é o pai do menino, é um tanto quanto machista, comportamento repetido em algumas crianças, além de ser irredutível em suas opiniões – mas ele também tem um final redentor, que o aproxima de seu filho. A segunda questão são os olhos do vilão de Berenguer, que brilham o tempo todo! Apenas uma ou duas vezes já seria o suficiente para entendermos o fato de ele ser um espírito maligno.
Em Tainá - A Origem há a tradicional mensagem de proteção à natureza, mas a história não chega a ser interrompida por mensagens de cunho didático. A lenda dos índios é contada e tudo se desenrola em torno dela, como se toda a floresta efetivamente necessitasse da presença da árvore fundamental. Dessa forma, temos uma trama coesa e bem amarrada, ainda que as soluções apresentadas não cheguem a convencer os adultos.
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