Divagações: Somos Tão Jovens
7.5.13
Por mais que eu fosse praticamente uma criança quando Renato Russo morreu, cresci acreditando que esse era um dos ídolos do meu pai, ainda que os dois sejam da mesma geração. De tanto ouvir as músicas pela casa, acabei gostando e comprando meus próprios CDs para ajudar na coleção. Estou longe de saber todas as letras, mas posso cantarolar muitas melodias.
Assim, entro rapidamente para o time de pessoas empolgadas com filmes como Somos Tão Jovens, Faroeste Caboclo (estreia prevista para 31 de maio) e Eduardo e Mônica (os boatos se tornaram ainda mais fortes depois da campanha da Vivo, em 2011). Aliás, sou daquelas que sai do cinema e, assim que possível, coloca a música para tocar. Ou seja, sou suspeita para falar.
De qualquer modo, Somos Tão Jovens conta a história da formação musical de Renato Russo (Thiago Mendonça). Assim sendo, não interessa sua mais tenra infância nem sua vida como profissional. A trajetória, na verdade, começa com um simples tombo de bicicleta, capaz de deixar um jovem aluno do Marista de cama por um bom período – lendo e aprendendo alguns acordes no violão.
Cada pessoa que ele conhece vira inspiração, canção, melodia ou o ajuda na tarefa de fazer música. A melhor amiga é Ana Cláudia (Laila Zaid); os primeiros colegas de banda são Petrus (Sérgio Dalcin), Fê Lemos (Bruno Torres) e Flávio Lemos (Daniel Passi); a família é composta pelo pai, Renato (Marcos Breda), pela mãe, Carminha (Sandra Corveloni), e pela irmã, Carmem Teresa (Bianca Comparato); até que chega a vez da parceria com Marcelo Bonfá (Conrado Godoy) e Dado Villa-Lobos (Nicolau Villa-Lobos, filho do próprio).
Tudo é muito empolgante. A ditadura existe em cochichos e algumas blitz de trânsito, está sempre por perto, mas sofre mais protestos que reage. É bom ser jovem, fumar, experimentar drogas e exibir seus conhecimentos de elite bem educada. É estranho pensar que, no final das contas, fica no ar uma sensação de ‘rebeldia sem causa’, mesmo que eles tivessem muito do que reclamar.
O protagonista em si, na verdade, é bem desenvolvido. Com o tempo passamos não apenas a entender, mas também a perdoar suas manias e chatices – fica difícil não gostar de Renato Russo quando o olhamos de perto. Além de ser parecido fisicamente, Thiago Mendonça é um bom ator e um cantor competente, dando conta do recado direitinho.
Quem estiver procurando defeito talvez diga que a atuação lembra mais uma imitação de Renato Russo que uma interpretação. Particularmente, acho que isso foi uma escolha da direção de Antonio Carlos da Fontoura. Afinal, as gírias foram acentuadas em cenas importantes e os maneirismos ficam ainda mais evidentes em outros dois personagens, ainda mais conhecidos do grande público: Herbert Vianna (Edu Moraes) e Dinho Ouro Preto (Ibsen Perucci).
Por mais que cumpram bem seu papel, a fotografia e a montagem do filme trazem poucas novidades. Elas foram tratadas com muito cuidado e ajudam a contar a história, mas não há nenhum grande momento que pede por esse tipo de destaque. Suponho que objetivo era valorizar os atores, ainda que essa fosse uma escolha arriscada.
Obviamente, deixei as músicas para o final. Somos Tão Jovens está repleto delas, ainda que cortadas ou, como acontece na maioria dos casos, editadas. Os maiores sucessos da Legião Urbana e do Aberto Elétrico estão presentes e acredito que não vou ser a única a sair querendo ouvir tudo mais uma vez.
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