Houve um período em que Matt Damon era meu ator favorito. Um cara bonito, charmoso, talentoso, inteligente (o argumento é que vencedores do Oscar por roteiro são inteligentes), capaz de fazer um filme de ação que vale a pena (The Bourne Identity) e assim por diante.

No entanto, por mais que você respeite o trabalho de um ator, surge uma dúvida quando o trailer o mostra dando um pulinho dentro de casa e virando o corpo para a parede ao ouvir um baita rugido de um leão. Para completar, Scarlett Johansson se fazendo de durona com cabelo curto e parando com as pernas abertas não ajuda muito nessa primeira impressão. Ainda assim, eu estava disposta a dar uma chance e aproveitei quando a oportunidade surgiu.

We Bought a Zoo é baseado em um livro chamado We Bought a Zoo: The Amazing True Story of a Young Family, a Broken Down Zoo, and the 200 Wild Animals That Change Their Lives Forever. Escrita por Benjamin Mee, essa obra com título autoexplicativo conta a história de uma família que resolveu se mudar para um zoológico a beira da falência. No cinema, o roteiro e a direção ficaram por conta do sempre competente Cameron Crowe.

Benjamin Mee (Matt Damon) é um pai que está se virando para cuidar dos dois filhos após a morte da esposa, Katherine (Stephanie Szostak). Não querendo viver da piedade alheia e tendo que lidar com a rebeldia do mais velho, Dylan (Colin Ford), e a necessidade de atenção da caçula, Rosie (Maggie Elizabeth Jones), ele pede demissão e se muda para uma propriedade grande e isolada, que também é um zoológico prestes a ser fechado.

Para salvar o lugar – e a sua família – ele conta com o apoio dos funcionários Peter MacCready (Angus Macfadyen), Robin Jones (Patrick Fugit) e Kelly Foster (Scarlett Johansson), além da prima dela, Lily Miska (Elle Fanning). Contra a empreitada estão o irmão de Benjamin, Duncan Mee (Thomas Haden Church), e o fiscal Walter Ferris (John Michael Higgins).

De uma forma geral, We Bought a Zoo é mais um filme sobre as relações entre as pessoas e a formação de vínculos afetivos que sobre como viver em um zoológico ou salvar uma propriedade. Obviamente, o inusitado tem um papel importante e é um grande motivador para certas situações. Além disso, a convivência com animais faz com que as pessoas mostrem um lado de si mesmas que normalmente ficaria oculto.

A história é muito bonita e interessante, especialmente por ser baseada em fatos reais, mas nem tudo chega a convencer. Os personagens são cativantes, mas poucos ganham um aprofundamento maior e as situações acabam se resolvendo muito facilmente. Dessa forma, o filme acaba se salvando devido ao elenco bem escolhido, com a pequena Maggie Elizabeth Jones caprichando na simpatia e Colin Ford tentando acrescentar dimensões mais profundas.

No final das contas, We Bought a Zoo é um bom filme para se assistir com as crianças maiores, embora não seja exatamente voltado para elas. É uma obra leve, com bons momentos e uma mensagem positiva, mas nenhum brilhantismo. Pode-se dizer que o filme é interessante, mas apenas isso, sem chegar a ser instigante ou encantador. Pessoalmente, sinto vontade de ver Matt Damon em um papel que o estimule como ator, pois aqui apenas consigo matar a vontade de olhar um pouco para ele.