Divagações: The Art of Getting By

The Art of Getting By é um daqueles filmes prejudicados por um título brasileiro sem relação nenhuma com a trama. Contudo, mesmo que A A...

The Art of Getting By é um daqueles filmes prejudicados por um título brasileiro sem relação nenhuma com a trama. Contudo, mesmo que A Arte da Conquista me chamasse pouca atenção por si só, o elenco fez com que eu desse uma chance e resolvesse conferir esse filme em uma noite chuvosa – só eu e a Netflix.

A história acompanha George Zinavoy (Freddie Highmore), um menino que está terminando o Ensino Médio, mas simplesmente se recusa a fazer as lições de casa ou os trabalhos. Ele é inteligente, mas não tem amigos, as coisas estão difíceis em casa e falta motivação para estudar. Em seu novo modo de viver a vida, ele acaba conhecendo Sally Howe (Emma Roberts), uma menina que também tem problemas em casa e que convive com pessoas endinheiradas, e Dustin (Michael Angarano), um pintor razoavelmente bem sucedido que se torna seu mentor em uma possível carreira artística.

A dinâmica entre esses personagens é o que move a história para frente, sendo que George é – de longe – o mais instável dos três. O diretor e roteirista Gavin Wiesen consegue lidar bem com isso, apostando nas esquisitices da adolescência, nos sentimentos confusos e nas sutilezas dos primeiros relacionamentos amorosos. Sim, há uma tensão entre George e Sally, mas ambos têm suas próprias dificuldades em expressar o que sentem.

Sob muitos aspectos, a produção lembra The Perks of Being a Wallflower, ainda que sem uma trilha sonora tão inspirada. Realizado um ano antes, The Art of Getting By apela para o mesmo público e tem personagens similares. Uma diferença é que, nesse caso, a visão do protagonista se amplia aos poucos e temos a oportunidade de perceber a influência de personagens secundários. O elenco também ajuda a dar uma dimensão extra (ainda que não muito grande) aos coadjuvantes. Entre os principais nomes estão Sasha Spielberg, Rita Wilson, Jarlath Conroy, Blair Underwood, Sam Robards e Alicia Silverstone.

O filme, contudo, parece se esforçar em conseguir um público amplo sendo o mais convencional possível. É estranho. The Art of Getting By desenvolve uma premissa única e interessante, despreocupada com os clichês que absorve ou com os que deixa passar. À medida que vai se aproximando do final, isso muda. Parece que há um objetivo a ser alcançado, mesmo que ele não funcione bem e seja estranhamente forçado.

É uma produção sobre uma juventude vazia e perdida. Ninguém está preocupado com o futuro, ninguém precisa trabalhar, ninguém tem grandes pretensões. Dinheiro e realização pessoal são coisas diferentes e não relacionadas. Mesmo com muita gente ao redor, todos os personagens são solitários e se sentem perdidos.

The Art of Getting By, assim, vale muito mais pelo que tenta fazer do que pelo que efetivamente realiza. É um filme bonito e sensível, perfeitamente aceitável para quem quer assistir algo que não seja nem pesado nem abobado. Está longe de ser uma comédia romântica, mas até consigo entender quem apele para essa classificação. Eu diria que é um drama romântico adolescente e penso que gostaria de ver mais do trabalho de Gavin Wiesen, que não fez nada mais no cinema desde então.

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