Divagações: Bridesmaids

Juro que eu esperava algo completamente diferente. Na época de seu lançamento, Bridesmaids foi tido como ‘a comédia do ano’ e não demoro...

Juro que eu esperava algo completamente diferente. Na época de seu lançamento, Bridesmaids foi tido como ‘a comédia do ano’ e não demorou para que o filme assumisse uma aura de The Hangover em versão feminina. Mas garanto que não é nada disso (especialmente no sentido de se apropriar de uma fórmula de sucesso)! Trata-se de uma trama leve, com jeitinho de comédia romântica, mas com uma protagonista a beira de um ataque de nervos.

De forma resumida, é preciso dizer que a vida de Annie Walker (Kristen Wiig) não estava legal. Basicamente, ela estava falida, morando com gente chata, envolvida com um cara que não queria assumir compromisso – Ted (Jon Hamm) –, e com um carro tão ruim que já estava sendo reconhecida pelo policial Rhodes (Chris O'Dowd). Assim, ela sente um gosto agridoce quando descobre que sua melhor amiga, Lillian (Maya Rudolph), vai se casar. Provavelmente, ela conseguiria superar isso – se não fosse pela crescente rivalidade com outra madrinha do casamento, Helen (Rose Byrne).

Obviamente, essa não foi a primeira e nem será a última história sobre mulheres neuróticas ao redor de um casamento. Para variar, em Bridesmaids o que menos importa é o noivo, tanto que Dougie (Tim Heidecker) aparece muito brevemente em apenas duas ocasiões. Além disso, os clichês continuam com as outras convidadas repletas de clichês: Rita (Wendi McLendon-Covey) é uma mulher casada e mãe de dois filhos que está desiludida com a vida, já Becca (Ellie Kemper) é uma recém-casada ingênua enquanto Megan (Melissa McCarthy) é uma mulher independente e de comportamentos estranhos.

Embora não traga exatamente muitas novidades, o filme funciona bem. Há uma grande quantidade de personagens, mas cada um tem o momento de ser apresentado de forma caricata e o de quebrar um pouco as expectativas, algo que normalmente (mas nem sempre!) vem para o bem. Não que aconteçam grandes surpresas, mas a fluidez é positiva e é sempre bom assistir a um filme em que há espaço para os personagens secundários acrescentarem algo para os pobres protagonistas sofredores.

Quase me esqueci de dizer: sim, Bridesmaids é um filme engraçado. Há alguns momentos exagerados e bobos (algo que, pessoalmente, não me agrada muito), mas o quadro geral é de leveza e risadas fáceis. Afinal, pessoas desesperadas e brigando por picuinhas tendem a ser engraçadas quando vistas de longe – e ainda mais quando o objetivo é mostrar justamente a estupidez da coisa toda.

Para completar, Kristen Wiig – que também é responsável pelo roteiro – consegue fazer o público gostar de sua personagem ao levar para as telas uma mulher comum, com problemas amorosos e financeiros. Fica fácil compreender seus sentimentos e seus erros porque também somos levados para algo novo. Ela também encontrou a pessoa certa em Chris O'Dowd, que não é um cara bonitão e com jeito de rico, mas parece ser um bom companheiro.

Assim, consegui passar por cima de muitas das mensagens equivocadas que recebi quanto a Bridesmaids. O filme é bonitinho, engraçado, eficiente e, algo que acho ótimo, valoriza suas personagens femininas. Sem apostar em burrice ou sensualidade, o filme conta a sua história honestamente e ganha muitos pontos por isso.

RELACIONADOS

0 recados