Divagações: In Your Eyes

Em meio a tantos filmes que eu gostaria de ver (ou que sinto certa obrigação em assistir), acabei inesperadamente cruzando com In Your E...

Em meio a tantos filmes que eu gostaria de ver (ou que sinto certa obrigação em assistir), acabei inesperadamente cruzando com In Your Eyes. Sem saber muito, resolvi dar uma chance para o que eu esperava ser uma produção mais leve e descomprometida. Queria apenas algo que eu pudesse assistir comendo chocolate e dando eventuais pausas para acompanhar a chuva lá fora.

Nesse ponto, garanto que não fiquei decepcionada. Ao mesmo tempo, a premissa é executada de uma maneira que eu não deixo de sentir certo constrangimento pelos personagens e pelos atores principais – afinal, eles precisaram interagir apenas consigo mesmos na maior parte do tempo, o que inclui até uma cena mais ‘íntima’.

Em In Your Eyes, Rebecca Porter (Zoe Kazan) e Dylan Kershaw (Michael Stahl-David) vivem em partes diferentes dos Estados Unidos, mas possuem uma espécie de conexão psíquica desde a pré-adolescência. Embora sintam momentos de emoção forte um do outro, eles demoram anos para efetivamente se comunicarem. Mas quando o fazem, surge uma amizade irresistível para ambas as partes.

Ela é uma mulher casada que se vê controlada pelo marido, Phillip (Mark Feuerstein), em muitos aspectos – o que vestir, quanto beber, como se comportar. Embora sinta a necessidade de se libertar, Rebecca criou uma dependência compreensível, já que ele a ajudou muito no passado.

Por sua vez, Dylan é um rapaz inteligente, mas que se perdeu em algum momento da vida. Ele vive às voltas com seu agente de condicional, Giddons (Steve Harris), e os dois amigos que o colocaram na prisão alguns anos antes (David Gallagher e Steve Howey) e que querem que ele volte a se envolver com crimes.

De alguma forma, o roteiro de Joss Whedon consegue desenvolver muito bem a figura desses dois solitários, de modo que compramos facilmente a ideia de que duas pessoas tão diferentes possam se aproximar emocionalmente sem grandes entraves. Obviamente, o fato de terem uma conexão direta à mente alheia ajuda um bocado. O fato de eles precisarem falar em voz alta é um tanto quanto estranho, mas dá para deixar passar.

Ao mesmo tempo, na medida em que caminha para sua conclusão, In Your Eyes tenta se transformar em mais do que realmente é. A produção flerta com a ação em uma sequência de perseguição que realmente cria uma tensão, mas que poderia ter sido resolvida de uma forma diferente. Pessoalmente, preferia que os personagens resolvessem seus problemas como adultos e não saíssem correndo desesperadamente.

Na verdade, é fácil colocar a culpa dessa e de outras inconsistências narrativas no diretor Brin Hill, já que esse é apenas seu segundo longa-metragem (realizado quase seis anos após o anterior). Ainda assim, acho que ele fez o possível para segurar uma obra bem delicada, que precisava de muito apenas para conseguir fazer o público embarcar no conceito principal. Obviamente, ele se aproveitou bem da ajuda do carismático casal de protagonistas! Também vale lembrar que o roteiro original é de 1992, então, essa é uma história que vem de um contexto diferente de 2014.

Sem ser apaixonante, In Your Eyes se contenta em ser um romance que funciona bem. As paisagens contrastantes são maravilhosamente bem filmadas e não há nada a reclamar se você chegou ao filme ao acaso, como aconteceu comigo. Recomendo desde que com a companhia de um bom abraço – ou de um bom chocolate.

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