Quando todos pensaram que os filmes de heróis estavam caminhando para o fim (ou quase isso), Deadpool & Wolverine surge para salvar o dia! Sucesso de público e crítica, a produção traz exatamente o que se poderia esperar dela e, ao mesmo tempo, representa um sopro de ar fresco para o “universo cinematográfico” da Marvel – de lambuja, ainda temos uma divertida despedida da Fox, que foi comprada pela Disney (tecnicamente, ela ainda existe, mas a verdade é que foi engolida).

Na posição de alguém que não viu os dois filmes anteriores, meu receio era não entender muita coisa, mas garanto que foi tudo bem compreensível – sinceramente, talvez seja mais importante estar em dia com os memes. Ainda assim, acredito que é necessário atender a alguns requisitos mínimos: ter um conhecimento básico dos dois personagens do título e da série Loki (pode ser só a primeira temporada, mas a segunda seria recomendada).

Deadpool & Wolverine começa com um Wade Wilson (Ryan Reynolds) desacreditado, que aposentou o uniforme de Deadpool e tenta levar a vida como uma pessoa comum. Entretanto, tudo muda quando ele é recrutado por Paradox (Matthew Macfadyen) para uma missão meio ingrata: acelerar o fim de sua própria linha temporal. Por mais que isso venha acompanhado de benefícios, ele opta por uma estratégia secundária e resolve viajar para várias linhas paralelas em busca de quem realmente pode salvar seu mundo, Wolverine (Hugh Jackman).

Com essa premissa, o filme mergulha com empolgação no conceito de multiversos, aproveitando para fazer diversas referências divertidas, trazer excelentes participações especiais e até mesmo abordar o fato de que as pessoas já se cansaram disso tudo. Para quem é fã de quadrinhos e/ou tem saudades de alguns projetos do passado da Marvel, é um prato cheio.

Sinceramente, a habilidade de quebrar a quarta parede é o melhor superpoder de Deadpool – e ela é usada à exaustão, o que também pode ser definido como “na medida certa”. O personagem é desbocado e não fica quieto nunca, o que o torna extremamente enervante para quem convive com ele do lado de lá da tela; por aqui, isso se transforma em um senso de humor que não é comum no gênero (e que, convenhamos, não é para todo mundo).

Ao misturar isso com a irritabilidade e o gosto pela violência do coprotagonista, Deadpool & Wolverine cria uma dinâmica que simplesmente funciona. As cenas mais intensas de conflito entre os dois personagens, inclusive, são filmadas como um inuendo sexual (em mais uma escolha correta da produção).

Com o destaque dado a essa tensão entre os personagens principais, há pouco espaço para a trama realmente se desenvolver. Trata-se de um fiapo de história que explora conceitos interessantes e que realmente faz a conexão entre os heróis do catálogo da Fox com os da Disney, mas ninguém se importa de verdade com os planos da vilã Cassandra Nova (Emma Corrin) ou sua jornada.

É claro que Deadpool & Wolverine tem suas irregularidades narrativas e visuais, mas eu saí da sala de cinema sem me preocupar muito com isso. Inclusive, demorei um pouco para escrever esse texto porque queria “baixar a bola” da empolgação, mas ela voltou a subir à medida em que me lembrava de boas sequências e sacadas. Esse é um filme pipoca com humor de gente grande e que realmente vale a pena.

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