Divagações: Sammy's avonturen 2

Quem se acostuma exclusivamente com o cinema estadunidense acaba levando um choque quando percebe que existe toda uma produção mundial em...

Quem se acostuma exclusivamente com o cinema estadunidense acaba levando um choque quando percebe que existe toda uma produção mundial em busca de público. Os filmes não só têm atores diferentes, mas estruturas narrativas, movimentos de câmera, cenários e outros detalhes que causam estranheza. É ótimo mergulhar em experiências diferentes, permitindo ao novo que entre em seu mundo, em seu repertório de imagens, sons e filmes.

No caso das animações, países como a França e a Bélgica têm grande tradição, mas conseguem levar poucos filmes para o mercado internacional. Assim, é uma surpresa positiva ver que filmes como Sammy's avonturen: De geheime doorgang e a sua continuação, Sammy's avonturen 2, conseguiram chegar aos cinemas brasileiros (ainda que não em ampla escala). Realizados pela Illuminata Pictures e pela nWave Pictures, esses dois filmes mostram que a tecnologia não é exclusividade de grandes estúdios. A propósito, os títulos originais são em holandês!

Na primeira aventura, o protagonista passava 50 anos viajando pelo mundo. A nova história, no entanto, acontece em menos tempo. Sammy (Reginaldo Primo) é um vovô-tartaruga que está protegendo o rachar dos ovos. Nesse processo, ele e seu amigo Ray (Eduardo Borgerth) são capturados e enviados para um gigantesco aquário subaquático. Tentando resgatar seus avôs, os recém-nascidos Ella (Alice Lieban) e Ricky (Yago Machado) os seguem e procuram elaborar um plano de fuga. Ao mesmo tempo, os peixes do aquário se revoltam contra as ideias infalíveis de Dom (Márcio Simões).

Com algumas boas piadas sobre fugas e planos infalíveis, além de divertidas referências a outros filmes passados no fundo do mar, Sammy's avonturen 2 não chega a efetivamente empolgar. A história não traz nenhuma novidade e é impossível não ficar pensando em Finding Nemo que, aliás, foi lançado há dez anos. Inclusive, esse filme possui um peixe palhaço de olhos esbugalhados que faz piadas (não muito boas). Não é preciso ter visto o filme anterior para entender a história, embora seja um pouco estranho o fato do nome do filme se referir ao Sammy e não aos filhotes.

Comparativamente, esse filme está de acordo com a animação que já vimos, sem trazer motivos para reclamação nem para comemoração. As paisagens são realmente bem feitas, especialmente as nuvens e o mar, mas as texturas dos personagens parecem um tanto quanto uniformes. Em apenas uma cena, por exemplo, ficaram perceptíveis as penas das gaivotas, destoando essa sequência das demais.

Na verdade, o único elemento realmente bom do filme é o efeito 3D. A sensação de profundidade é muito bem feita, sendo utilizada de todas as formas possíveis. É quase impossível não levar a mão ao rosto ou ter alguma reação similar nas cenas em que os elementos (ou as titicas de gaivota) se aproximam. Ver esse filme em duas dimensões seria, portanto, uma perda de tempo para os adolescentes e adultos, que ficariam sem nada para efeitos de distração.

De certa forma, tenho certas dúvidas a respeito do apelo do filme para crianças. As realmente pequenas, com poucos referenciais e dispostas a embarcar em uma história fácil devem entrar na brincadeira e simpatizar com as tartaruguinhas. No entanto, a falta de bons momentos cômicos e de personagens mais carismáticos pode incomodar os mais velhos. É legal ver algo diferente, mas eu gostaria que a história fosse melhor.


Obs.: Não consegui a lista completa de dubladores originais. Assim, utilizei apenas o nome dos atores da versão nacional.

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