Embora esse, a princípio, seja um livro sobre capas de revistas, ele também é uma obra sobre cinema. Afinal, o principal assunto tratado é a imagem icônica da atriz Audrey Hepburn, sempre relacionada a elegância, charme, delicadeza e feminilidade.

Publicado em 2009 pela Chronicle Books, Audrey Hepburn: International Cover Girl é o primeiro livro do arquivista californiano Scott Brizel, que fez um excelente trabalho de pesquisa e catalogação (e, suponho, deva ser um grande admirador da atriz em questão). Com 274 páginas, um tamanho acima do padrão e um peso considerável, esse é definitivamente um livro para fãs e curiosos.

A capa pode não ser das mais bonitas, mas as páginas internas tem um aspecto bastante agradável e, apesar do tamanho, não apresentam grande dificuldade para a leitura (eu gosto de ter o livro no colo, mas uma mesa é recomendável nesse caso). No geral, o visual é bastante delicado e simples. Afinal, não seria interessante que o livro competisse com o exagero das mais de 600 capas de revista presentes no decorrer da obra, a maior parte datando das décadas de 1950 e 1960.

Como se trata basicamente de um livro de imagens, há apenas legendas e alguns textos introdutórios no início de cada novo capítulo. A organização é feita em ordem cronológica, sendo que a vida e a carreira de Audrey Hepburn são mostradas aos poucos, sempre com referências. Inclusive, no começo, o tom é bem mais acadêmico (o que não deixa de ser muito interessante), mas isso vai suavizando no decorrer do livro.

No geral, o conteúdo escrito é introdutório para quem deseja conhecer melhor quem foi Audrey Hepburn. Filmes como Roman Holiday, Sabrina, Funny Face, Breakfast at Tiffany’s e My Fair Lady têm todo o destaque que merecem. As imagens, por sua vez, são interessantes como referência visual vintage, símbolos da época e exemplos de um estilo de vida. Nesse caso, elas se tornam ainda mais interessantes por estarem acompanhadas das chamadas e dos demais elementos que compõe as revistas (há até alguns exemplos de páginas internas).

Ao longo de suas páginas, Audrey Hepburn: International Cover Girl tenta entender, ao mesmo tempo, a construção do ícone e a mulher – e eu diria que há um sucesso relativo nas duas questões. Sem dar respostas conclusivas, o livro é uma viagem relaxante e bonita que traz em si muito a ser descoberto pelos que estiverem verdadeiramente interessados.