Divagações: James and the Giant Peach

Por mais que alguns cineastas tenham tentado, a animação em stop-motion nunca conseguiu um grande espaço entre os longas-metragens. Ela ...

Por mais que alguns cineastas tenham tentado, a animação em stop-motion nunca conseguiu um grande espaço entre os longas-metragens. Ela é frequentemente usada em breves sequências ou em curtas-metragens, mas acaba sendo muito custosa quando se trata de contar uma história mais complexa.

Mesmo sendo um dos principais entusiastas da técnica, o diretor Henry Selick optou por uma obra mista em James and the Giant Peach. Além dos bonecos, ele usa alguns outros truques de animação, além de atores de verdade. As trocas acabam funcionando bem pela própria natureza lúdica da obra, mas seria delicioso se tudo pudesse ser narrado com stop-motion.

Baseado em uma história de Roald Dahl, o filme conta uma aventura que parece ter saído dos devaneios de uma criança – e esse, provavelmente, é o ponto forte de qualquer obra do escritor. Ao mesmo tempo, toda essa criatividade também dificulta um pouco a adaptação para o cinema (afinal, como traduzir todas essas coisas maravilhosas em uma única imagem?) e esse filme, por exemplo, demorou 12 anos para sair do papel e chegar às telas.

James (Paul Terry) era um menino feliz que vivia no litoral e que sonhava em ir para Nova York em família. No entanto, seus pais foram devorados por um furioso rinoceronte (!) e o garoto foi obrigado a morar em uma casa muito feia com suas tias Sponge (Miriam Margolyes) e Spiker (Joanna Lumley). Triste com a situação, James tem novamente esperanças depois que ganha línguas de crocodilo mágicas (!) de um misterioso desconhecido (Pete Postlethwaite).

Contudo, o menino tropeça e todo o conteúdo de seu precioso presente cai aos pés de uma árvore decrépita... Até que surge um pêssego na ponta de um dos galhos e a fruta começa a crescer e crescer e crescer. Como todo menino curioso, James acaba indo dar uma olhada, apenas para embarcar em uma aventura ao lado de diversos insetos gigantes: Grasshopper (Simon Callow), Centipede (Richard Dreyfuss), Ladybug (Jane Leeves), Glowworm (Miriam Margolyes), Spider (Susan Sarandon) e Earthworm (David Thewlis).

Embora tenha uma estrutura clássica de desenvolvimento de personagem, James and the Giant Peach não é um conto de fadas distante. As injustiças sofridas pelo protagonista, a dificuldade em fazer amigos, a necessidade de enfrentar traumas – todos são aspectos que tornam muito fácil a identificação com James. Principalmente se você é ou algum dia já foi criança!

No momento em que tudo se transforma em stop-motion, o espectador também é convidado a participar da jornada desses personagens-sonhadores. Cada um deles tem um objetivo diferente e uma personalidade contrastante, mas todos se unem por um objetivo em comum: chegar a Nova York. As composições delicadas de Randy Newman completam o quadro e deixam a atmosfera encantadora para crianças e adultos de todas as idades.

James and the Giant Peach impressiona aqueles que percebem a dificuldade de sua realização. Talvez olhos jovens e acostumados com a ‘perfeição’ da animação computadorizada não compreendam bem o visual do filme, mas isso não deve diminuir a diversão. Há um charme único e irresistível nessa forma de contar histórias, pois você sente – mesmo do outro lado da tela – que é possível tocar naqueles personagens e cenários.

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