Divagações: Jui kuen II
27.9.16
Confesso que não costumo começar a ver uma série pelo segundo filme, mas a verdade é que não podia perder a oportunidade de assistir a Jui kuen II na companhia de pessoas que, sem dúvida, achariam o filme divertido. Além disso, com a exceção de possíveis referências ao original, acredito que não se perde muito da compreensão da história. Afinal, essa é, acima de tudo, uma comédia boba. O kung fu faz parte da realidade dos personagens e rende ótimas cenas, mas o objetivo real é fazer o público rir.
Wong Fei-hung (Jackie Chan) é filho e aprendiz de um correto mestre de kung fu, Wong Kei-ying (Lung Ti), um homem muito orgulhoso de sua honestidade e que tem dificuldades em lidar com o espírito livre do filho. Assim, o 'rapaz' (o personagem de Chan, tecnicamente, tem metade da idade do ator na época da filmagem) acaba criando uma forte amizade com a madrasta, Ling (Anita Mui), uma mulher cheia de artimanhas que circula bem nos altos círculos sociais e que está sempre disposta a acobertar as travessuras do enteado.
Não demora para que Wong Fei-hung se veja frente a um dilema: respeitar a vontade de seu pai – que não o quer envolvido em qualquer tipo de luta, ainda mais as pouco convencionais – ou impedir que um grupo de estrangeiros roube um preciso artefato histórico da China. Obviamente, a resposta para isso não é muito difícil e o lutador decide fazer o que julga ser o certo, mesmo que isso signifique a desgraça de sua família.
O detalhe é que, embora não pareça ser uma ameaça real, o protagonista não é simplesmente um bom lutador de kung fu, sendo especializado em uma modalidade da luta com movimentos um tanto quanto estranhos, similares aos de uma pessoa bêbada. Aliás, quanto mais álcool o lutador ingere, mais eficientes ficam seus golpes (a propósito, essa modalidade realmente existe, mas não é recomendado que o lutador beba, pois isso aumenta o risco de 'acidentes').
O resultado disso tudo é uma comédia com pouca trama e muitas piadas de gosto duvidoso (que renderam uma edição polêmica no lançamento para os Estados Unidos, incluindo um corte drástico no final). Jackie Chan é, propositalmente, um bêbado muito caricato e as sequências das lutas com 'drunken boxing' são os principais focos da comédia. É raro ver esse tipo de cena extremamente coreografada sendo usada para comicidade, de modo que o efeito é bastante único.
Jui kuen II é particularmente bem realizado e envolve muitas sequências perigosas de luta, principalmente quando se considera que elas foram feitas sem o apoio de cabos de segurança ou dublês – um cuidado raramente visto nas comédias ocidentais, onde os baixos orçamentos para efeitos visuais acabam virando parte da piada. Para quem busca por risadas descompromissadas, momentos absurdos e uma desconexão com a realidade, essa é uma opção que deve continuar eficiente ao longo dos próximos anos.
No final das contas, fiquei com vontade de ver não somente o filme original, datado de 1978, como a sequência, filmada um ano depois (em 1995). Mesmo sendo um gênero com o qual não costumo me identificar, o caráter nonsense faz com que Jui kuen II ganhe muitos pontos.
Wong Fei-hung (Jackie Chan) é filho e aprendiz de um correto mestre de kung fu, Wong Kei-ying (Lung Ti), um homem muito orgulhoso de sua honestidade e que tem dificuldades em lidar com o espírito livre do filho. Assim, o 'rapaz' (o personagem de Chan, tecnicamente, tem metade da idade do ator na época da filmagem) acaba criando uma forte amizade com a madrasta, Ling (Anita Mui), uma mulher cheia de artimanhas que circula bem nos altos círculos sociais e que está sempre disposta a acobertar as travessuras do enteado.
Não demora para que Wong Fei-hung se veja frente a um dilema: respeitar a vontade de seu pai – que não o quer envolvido em qualquer tipo de luta, ainda mais as pouco convencionais – ou impedir que um grupo de estrangeiros roube um preciso artefato histórico da China. Obviamente, a resposta para isso não é muito difícil e o lutador decide fazer o que julga ser o certo, mesmo que isso signifique a desgraça de sua família.
O detalhe é que, embora não pareça ser uma ameaça real, o protagonista não é simplesmente um bom lutador de kung fu, sendo especializado em uma modalidade da luta com movimentos um tanto quanto estranhos, similares aos de uma pessoa bêbada. Aliás, quanto mais álcool o lutador ingere, mais eficientes ficam seus golpes (a propósito, essa modalidade realmente existe, mas não é recomendado que o lutador beba, pois isso aumenta o risco de 'acidentes').
O resultado disso tudo é uma comédia com pouca trama e muitas piadas de gosto duvidoso (que renderam uma edição polêmica no lançamento para os Estados Unidos, incluindo um corte drástico no final). Jackie Chan é, propositalmente, um bêbado muito caricato e as sequências das lutas com 'drunken boxing' são os principais focos da comédia. É raro ver esse tipo de cena extremamente coreografada sendo usada para comicidade, de modo que o efeito é bastante único.
Jui kuen II é particularmente bem realizado e envolve muitas sequências perigosas de luta, principalmente quando se considera que elas foram feitas sem o apoio de cabos de segurança ou dublês – um cuidado raramente visto nas comédias ocidentais, onde os baixos orçamentos para efeitos visuais acabam virando parte da piada. Para quem busca por risadas descompromissadas, momentos absurdos e uma desconexão com a realidade, essa é uma opção que deve continuar eficiente ao longo dos próximos anos.
No final das contas, fiquei com vontade de ver não somente o filme original, datado de 1978, como a sequência, filmada um ano depois (em 1995). Mesmo sendo um gênero com o qual não costumo me identificar, o caráter nonsense faz com que Jui kuen II ganhe muitos pontos.
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