Divagações: The Family
19.9.13
Depois de um hiato de quase quinze anos, Luc Besson volta a dirigir um filme voltado para o mercado internacional. Sumido depois do fracasso comercial de Joan of Arc, Besson passou uma temporada de exílio trabalhando em filmes menores para o cinema francês e com alguns trabalhos de roteiro, mas nada de muito destaque. Porém, The Family prometia ser a sua grande chance de redenção. Com um elenco pesadíssimo e o apoio de Martin Scorcese, havia poucos motivos para não se empolgar.
Giovanni Manzoni (Robert De Niro) é um mafioso do Brooklyn que, após delatar sua 'famiglia' em um esquema criminoso, acaba sendo inserido em um programa de proteção à testemunha juntamente com sua esposa e os filhos. Assumindo o nome Fred Blake, ele, Maggie (Michelle Pfeiffer), Belle (Dianna Agron) e Warren (John D'Leo) são transferidos para a Normandia, na França. Assim, os Blake têm que lidar com as dificuldades de adaptação a cultura local ao mesmo tempo em que tentam se manter longe dos olhos vingativos de Don Luchese (Stan Carp).
A direção de Luc Besson, apesar de parecer inusitada – com um francês se debruçando sobre o crime organizado ítalo-americano –, funciona bem. Afinal de contas, ele é o tipo de diretor que sabe muito bem como lidar com a violência e a brutalidade presente no estilo de vida da ‘cosa nostra’. Um dos pontos altos do filme é justamente ver a disparidade de atitudes entre uma família criada no seio da máfia em um país onde não resta nenhum reconhecimento ou status de sua antiga posição social.
O texto, que foi escrito pelo diretor em parceria com Michael Caleo, também tem seus bons momentos. Baseado no livro de Tonino Benacquista, ele é bastante ágil e com sacadas inteligentes. Para quem gosta do gênero, há referências a diversos filmes de máfia, desde Goodfellas a Analyze This, provavelmente beneficiados pela consultoria de Martin Scorcese e seu grande know how sobre o tema.
Porém, apesar da direção acertada e do roteiro ágil, o filme se perde ao transitar entre a comédia, o drama e a violência, sem demonstrar nenhum aspecto de destaque. Os personagens, mesmo sendo interessantes e únicos, não possuem um bom desenvolvimento dramático, fazendo com que o filme acabe sem uma resolução satisfatória e com várias subtramas abandonadas.
O elenco, no entanto, trabalha muito bem. Robert De Niro, Michelle Pfieffer e Tommy Lee Jones, mesmo tendo papéis não muito distantes de sua linha de expertise, conseguem agregar um que de originalidade aos personagens – que poderiam se perder facilmente com atores menos capacitados.
Mas vamos ser sinceros, The Family prometia muito. Pensado como um tributo a longa carreira de De Niro nos filmes de máfia (interpretando toda sorte de escroque e criminoso que se pode imaginar), esse era um filme que poderia facilmente dar muito certo.
Contudo, alguma coisa que se perdeu no meio do caminho. Mesmo com qualidades sólidas, o resultado final beira o dispensável, sendo tão genérico quanto o seu pouco inspirado título entrega. Se você é fã do tema, dos atores ou até mesmo da direção, vale dar uma conferida apenas por curiosidade, pois The Family não agrega nada de novo ou que não tenha sido melhor executado em outras produções.
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
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