Divagações: Seven Psychopaths

Vejam que jeito interessante de ganhar a vida. Você vai a um parque onde as pessoas costumam levar cachorros para passear, aproveita um m...

Vejam que jeito interessante de ganhar a vida. Você vai a um parque onde as pessoas costumam levar cachorros para passear, aproveita um momento de distração e rouba um bichinho, depois, é só esperar o dono divulgar uma recompensa e ir lá devolver o cachorro. Alguém chamaria isso de sequestro? Não, imagina!

De qualquer forma, ninguém espera encontrar personagens moralmente adequados em um filme chamado Seven Psychopaths. Os materiais de divulgação tinham uma pegada similar a dos filmes de Guy Ritchie, mas a presença constante de um cachorro da raça Shih-tzu dava um tom humorístico que me lembrava terrivelmente algo do nível de 3 Men and a Baby (a propósito, vocês sabiam que esse filme é dirigido por Leonard Nimoy?). Ou seja, não dava para saber exatamente o que esperar.

Na história, Marty (Colin Farrell) é um roteirista alcoólatra e desmotivado que tem apenas um título para seu próximo filme, Seven Psychopaths. Para ajudá-lo, seu amigo Billy (Sam Rockwell) – que leva o estilo de vida descrito no primeiro parágrafo em companhia de seu 'sócio' Hans (Christopher Walken) – coloca em um jornal um anúncio chamando por psicopatas que queiram contar suas histórias.

Isso, é claro, os rodeia de pessoas estranhas de modo que, quando eles sequestram o animal de estimação de um criminoso chamado Charlie (Woody Harrelson), parece até normal que eles sejam rodeados de mortes e precisem fugir da cidade. Obviamente, chamar a polícia está fora de cogitação.

Assim, fica um pouco difícil acompanhar quem são exatamente os sete psicopatas do título, mas isso não chega a configurar um problema. Com diálogos absurdos e personagens mentalmente perturbados, o filme consegue justificar todas as suas esquisitices sem grandes problemas, fazendo o espectador embarcar em uma comédia que simplesmente tem um pouco mais de sangue que o habitual.

Além dos diálogos serem um tanto quanto óbvios, outro aspecto que afasta o filme das produções estilosas de Guy Ritchie e Quentin Tarantino é a trilha sonora. Embora ela não seja ruim, está longe de merecer adjetivos como marcante ou cool. Desse modo, o filme perde algo do apelo inicial – que nunca chegou a convencer totalmente – e ganha uma cara própria, mais pasteurizada.

Talvez o que tenha faltado seja deixar bem claro que se trata de um filme de Martin McDonagh. Assumindo a direção e o roteiro, ele entrega o que definitivamente não é o seu melhor trabalho, mas é algo de acordo com seu estilo próprio e seu humor característico. Mais uma vez ao lado de Colin Farrell, ele é um dos poucos diretores que me fazem assistir o ator sem perceber toda a sua canastrice.

O que quero dizer é que, no final das contas, Seven Psychopaths não é tão pesado quanto poderia e dá para contar nos dedos as cenas mais chocantes (para mais detalhes, acesse o guia para pais). Ao mesmo tempo, também não é dos mais engraçados, colocando humor no absurdo de suas situações.

De alguma forma, contudo, essa mistura funciona bem e o resultado é um filme de entretenimento para gente grande, recomendado para quem quer sair um pouco das produções de ação ou ficção científica, bem mais comuns e quase sempre feitas para esse mesmo tipo de público.

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