Divagações: Spy
26.4.16
Quem nunca viu um filme que faça graça com James Bond que atire a primeira pedra! A princípio, esse 'gênero' já estaria gasto, mas parece que ninguém avisou o diretor e roteirista Paul Feig. Grande admirador do agente secreto inglês, ele chegou a conclusão de que nunca seria chamado para dirigir um filme da famosa franquia, assim, preferiu dar início a sua própria história.
A ideia deu tão certo que Spy esteve presente em praticamente todas as listas de 'melhores comédias' de 2015, além de algumas de 'melhores filmes'. O grande diferencial do filme, contudo, foi justamente o fato dele não apostar em um agente atrapalhado ou muito distraído ou algo similar. A sátira surge de forma mais sutil, embora o humor continue sendo exacerbado.
Susan Cooper (Melissa McCarthy) é uma analista da CIA muito competente, sendo uma das principais responsáveis pelos sucessos do agente Bradley Fine (Jude Law). Por ser muito insegura, ela nunca foi a campo, mas isso está prestes a mudar quando a filha de um perigoso terrorista, Rayna Boyanov (Rose Byrne) admite ter informações sobre todos os agentes da inteligência estadunidense, incluindo o intrusivo Rick Ford (Jason Statham).
Assim, Susan parte pela Europa à caça de Rayna e de seu provável parceiro de crimes, Sergio De Luca (Bobby Cannavale). Seu lugar na frente do computador, por sua vez, é assumido por sua melhor amiga, Nancy B. Artingstall (Miranda Hart). Instintiva, a agente acaba sempre fazendo mais do que se espera dela, utilizando de criatividade para lidar com a constante falta de recursos da CIA.
Obviamente, boa parte da graça está no fato de Melissa McCarthy não ser exatamente o que se espera de uma agente secreta. Ela é gordinha e desajeitada, mas isso não impede que seja competente, saiba brigar e atire no alvo. Mesmo assim, o humor não se concentra nela, aproveitando para rir também de toda a parafernália que está ao redor do serviço de inteligência, com o glamour ao redor dos agentes e todo o pessoal que realmente faz o trabalho de bastidores atuando abaixo de um forro repleto de morcegos.
A verdade é que Spy funciona bem porque não força nenhum ponto. Com um roteiro criativo, a produção prefere criar constantemente novas situações engraçadas em vez de repetir frequentemente as mesmas piadas às custas de seus personagens. É uma comédia menos abobada e que tende a não envelhecer rapidamente. Para completar, consegue não ofender ninguém sem ser chata. Dá para pedir algo melhor?
Gostei de ver também que, embora o time de agentes secretos seja totalmente masculino, Susan não está sozinha. A equipe de inteligência é majoritariamente feminina e a chefe da CIA também é uma mulher, Elaine Crocker (Allison Janney). Somando isso a uma vilã, Spy é praticamente um filme 'de meninas'. Só que ninguém parece reparar nesse detalhe, já que a temática e o texto não condizem com o que normalmente se esperaria de um filme dominado por personagens femininas.
Dessa forma, a dupla formada por Paul Feig e Melissa McCarthy se consolida como um time de ouro para a comédia atual no cinema. E que venham as próximas parcerias!
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