Divagações: Mad Max 2

Lançado apenas dois anos após o primeiro filme, Mad Max 2 é, provavelmente, o longa-metragem mais conhecido e marcante da franquia. Cas...

Lançado apenas dois anos após o primeiro filme, Mad Max 2 é, provavelmente, o longa-metragem mais conhecido e marcante da franquia. Caso alguém diga que não existe uma sequência melhor que o original, acredito que seja possível citar esse caso com segurança – até mesmo porque as semelhanças são tão poucas que nem dá para comparar muito bem.

Novamente com direção de George Miller, o filme tem roteiro escrito por ele em parceria com Terry Hayes e Brian Hannant. Os primeiros minutos tentam explicar o que aconteceu com o mundo desde a história anterior, mostrando que o caos vivido por Max (Mel Gibson) era resultado de uma conjuntura política que se transformou em uma guerra nuclear e acabou destruindo a civilização como a conhecíamos. Depois de mostrar um futuro ruim, as coisas só pioraram.

Dessa vez, ele está em busca de gasolina e encontra um cara meio maluco, Gyro Captain (Bruce Spence), que o leva até uma comunidade criada ao redor de uma refinaria e liderada por Pappagallo (Michael Preston). A aparente harmonia do lugar, no entanto, está sendo ameaçada por uma gangue de motoqueiros liderados por Humungus (Kjell Nilsson), que pretende tomar o poder por meio de muita violência. Para tentar resolver a situação e manter a paz, uma alternativa é realizar uma fuga com um caminhão-tanque carregado.

A partir disso, dá para perceber que boa parte da ação vai se desenrolar durante uma perseguição de carros pelo deserto – poderia ser melhor? Como estamos no começo dos anos 1980, os figurinos e cabelos de Mad Max 2 são deliciosamente bregas, sendo acompanhados nos exageros pelos carros e pelas motos.

Para completar, não há muitas falas e quem parou para contar diz que Mel Gibson tinha apenas 16 linhas de diálogo, com duas delas sendo “I only came for the gasoline” (eu vim apenas pela gasolina). Nenhum nome do elenco merece grande destaque, com diversas atuações canastras e exageradas. Resumindo: uma pérola a cada novo frame.

Sim, dá para achar graça disso tudo. Mas a verdade, contudo, é que Mad Max 2 é um filme que se leva muito a sério. O mundo apresentado não é um lugar feliz e é repleto de particularidades, ainda que muitas fiquem a cargo da imaginação do espectador. Todo o contexto é interessante, fazendo com que seja impossível desgrudar os olhos do que acontece na tela. E, obviamente, a ação ajuda bastante nesse ponto.

Filmado na ordem da ação (algo raro, mas que ajuda a evitar erros de continuidade em filmes onde muita coisa acontece ao mesmo tempo), essa é uma produção frenética e marcante. Não é o filme mais elaborado que já existiu, mas ele consegue – de alguma forma – se manter na memória dos espectadores. Há uma estranha mistura de ação e faroeste, com uma leve (bem leve) pitada de ficção científica.

Assim, Mad Max 2 é um filme com muitos méritos, chamando atenção para o potencial da produção australiana. É criativo, maluco e consegue funcionar muito bem até hoje, 34 anos após seu lançamento. Vamos combinar: é preciso saber o que está fazendo para conseguir algo desse nível, principalmente em um gênero que envelhece tão rapidamente.

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