Divagações: Mad Max
7.6.16
Revisitar uma série do final dos anos 1970 pode ser uma enrascada, mas o lançamento de Mad Max: Fury Road deixou todo mundo com vontade de conferir a trilogia que deu origem ao que provavelmente é o melhor filme de ação de 2015. Suponho que aqueles que ainda não tinham contato com os filmes se surpreendam com a abordagem inicial, mas é preciso acrescentar que todas essas produções são surpreendentes em suas próprias maneiras.
Parecendo mais um prequel da série que o pontapé inicial do universo que conhecemos hoje, Mad Max traz, justamente, o conto de como Max (Mel Gibson) ficou louco. Inicialmente um policial, ele é um dos poucos bons profissionais em um mundo caótico, extremamente violento e dominado pelo crime, com destaque para gangues de motoqueiros.
Depois de um caso particularmente famoso, que envolve uma perseguição com Nightrider (Vincent Gil), Max acaba tendo seu nome na lista de um criminoso em busca de vingança, Toecutter (Hugh Keays-Byrne). Contudo, a morte de um companheiro em serviço, Jim Goose (Steve Bisley), faz com que ele peça despensa do serviço, partindo com a família para um local que julga mais seguro – o que coloca em perigo sua esposa, Jessie (Joanne Samuel), e seu filho, uma criança de colo.
Ou seja, o mundo ainda é bastante similar ao que conhecemos atualmente – os desastres que transformaram tudo em um grande deserto ainda não aconteceram. A sociedade, assumidamente de um futuro não muito distante, está desamparada e caminhando para o caos absoluto, mas ainda existem cidades, hospitais, televisões...
A verdade é que, como uma produção australiana barata (o orçamento vinha das próprias economias do diretor e roteirista estreante George Miller), o filme não parece ser planejado para ter continuações e traz todo o tipo de economias. As calças são de vinil e não de couro, vários carros parecem muito similares por serem repintados para utilização em um grande número de cenas, os motoqueiros não são todos atores, mas uma gangue de verdade, entre outras coisas.
Ainda assim, há muito potencial em Mad Max. O protagonista é uma figura misteriosa, boa em essência, mas disposta a sair da linha se necessário. Ele atrai a curiosidade do público, que quer conhecê-lo melhor – e o fato de ser interpretado pelo então absolutamente desconhecido Mel Gibson deve ter ajudado. Isso sem contar a situação apresentada, com uma polícia despreparada perdendo a guerra contra os criminosos.
Dá para imaginar o que viria a seguir? De forma alguma. Max é apenas uma pequena peça que não decide nada sobre os rumos da humanidade. Ele é um sujeito que luta pela própria existência e não tem qualquer relevância política. O interessante é que esses seus traços permanecerão intocados no decorrer da série, por mais que tudo ao seu redor pareça mudar incontáveis vezes.
Mad Max não é o melhor filme que você já viu, mas ele traz uma ação bem construída e consegue se destacar apesar de todas as suas limitações. A edição, em especial, é muito bem feita e consegue compensar muitas possíveis falhas. É um excelente pontapé inicial para um diretor promissor. O fantástico é que, até hoje, ele ainda esteja apegado a esse protagonista.
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