Divagações: Wu du
21.6.16
Os efeitos sonoros são de um gosto questionável, a história é repleta de clichês, os personagens não são bem desenvolvidos, as lutas talvez não sejam as melhores que você já viu. Ainda assim, há algo de muito bom em Wu du que você não consegue exatamente descobrir o que é. De alguma forma, o filme resume tudo o que se espera de uma produção 'clássica' de kung fu, incluindo a (bem-vinda) falta de influência ocidental e as características derivadas do baixo orçamento.
Tudo começa quando um mestre de uma casa amaldiçoada do kung fu (Feng Ku) percebe que está prestes a morrer. Assim, ele instrui seu mais recente pupilo, Yang Tieh (Sheng Chiang), a procurar seus antecessores, sendo que cada um aprendeu um estilo especial e único da luta marcial. São eles: o veloz Chang Hsiao-Tien (Feng Lu), conhecido como centopeia; o rastejante Chi Tung (Pai Wei), conhecido como serpente; o flexível Kao Chin (Chien Sun), conhecido como escorpião; o leve Meng Tien-Hsia (Phillip Kwok Chung-Fung), conhecido como lagarto; e o forte Liang Shen (Meng Lo), conhecido como sapo.
A missão de Yang Tieh – que conhece um pouco de cada estilo, mas não o suficiente para derrotar os demais – envolve, então, perceber se seus antigos (e desconhecidos) colegas estão no caminho certo da justiça, unindo-se a quem julgar confiável para matar os outros. Para isso, ele resolve se infiltrar no cotidiano de uma vila próxima, onde um tesouro deve chamar a atenção de quem estiver dominado pela cobiça. As regras para a vitória são claras e bem explicadas, mas a dúvida está no desafio que será conseguir cumpri-las.
Repleto de trapaças, golpes impossíveis, cenários muito falsos e efeitos sonoros questionáveis, Wu du acaba conseguindo agradar por equilibrar a magia do kung fu com momentos cômicos e vilanias absolutamente cruéis. Por mais que tudo o que ronda aqueles personagens seja tocado por conhecimentos praticamente místicos, a vila é independente disso, quase como se algo assim pudesse acontecer na sua cidade sem que você realmente percebesse. O detalhe é que eles não são exatamente discretos... De qualquer modo, aspectos culturais, pessoas politicamente poderosas e o sistema corrupto da justiça (viu, não é só no Brasil!) também interferem no destino dos personagens.
Na comparação com outros filmes realizados na mesma época, fica claro que esse não é o melhor exemplar do que a China poderia oferecer ao mundo em termos de cinema. Ao mesmo tempo, no entanto, há uma sensação clara de que um filme assim seria bem mais popular que as produções 'tipo exportação'. Nesse caso, a autenticidade da produção cultural ganha pontos e é muito mais divertida.
Além disso, mais do que os méritos do filme em si, é preciso observar o impacto que esse longa-metragem teve na cultura pop ao longo das últimas décadas. Produzido pela Shaw Brothers, empresa responsável por mais de 200 filmes do gênero entre os anos 1960 e 1980, Wu du foi levado para os Estados Unidos onde adquiriu o status de cult. De alguma forma, ele acabou inspirando comerciais para a televisão e chegou até os filmes de Quentin Tarantino – o mestre das referências – em Kill Bill: Vol. 1.
Tudo começa quando um mestre de uma casa amaldiçoada do kung fu (Feng Ku) percebe que está prestes a morrer. Assim, ele instrui seu mais recente pupilo, Yang Tieh (Sheng Chiang), a procurar seus antecessores, sendo que cada um aprendeu um estilo especial e único da luta marcial. São eles: o veloz Chang Hsiao-Tien (Feng Lu), conhecido como centopeia; o rastejante Chi Tung (Pai Wei), conhecido como serpente; o flexível Kao Chin (Chien Sun), conhecido como escorpião; o leve Meng Tien-Hsia (Phillip Kwok Chung-Fung), conhecido como lagarto; e o forte Liang Shen (Meng Lo), conhecido como sapo.
A missão de Yang Tieh – que conhece um pouco de cada estilo, mas não o suficiente para derrotar os demais – envolve, então, perceber se seus antigos (e desconhecidos) colegas estão no caminho certo da justiça, unindo-se a quem julgar confiável para matar os outros. Para isso, ele resolve se infiltrar no cotidiano de uma vila próxima, onde um tesouro deve chamar a atenção de quem estiver dominado pela cobiça. As regras para a vitória são claras e bem explicadas, mas a dúvida está no desafio que será conseguir cumpri-las.
Repleto de trapaças, golpes impossíveis, cenários muito falsos e efeitos sonoros questionáveis, Wu du acaba conseguindo agradar por equilibrar a magia do kung fu com momentos cômicos e vilanias absolutamente cruéis. Por mais que tudo o que ronda aqueles personagens seja tocado por conhecimentos praticamente místicos, a vila é independente disso, quase como se algo assim pudesse acontecer na sua cidade sem que você realmente percebesse. O detalhe é que eles não são exatamente discretos... De qualquer modo, aspectos culturais, pessoas politicamente poderosas e o sistema corrupto da justiça (viu, não é só no Brasil!) também interferem no destino dos personagens.
Na comparação com outros filmes realizados na mesma época, fica claro que esse não é o melhor exemplar do que a China poderia oferecer ao mundo em termos de cinema. Ao mesmo tempo, no entanto, há uma sensação clara de que um filme assim seria bem mais popular que as produções 'tipo exportação'. Nesse caso, a autenticidade da produção cultural ganha pontos e é muito mais divertida.
Além disso, mais do que os méritos do filme em si, é preciso observar o impacto que esse longa-metragem teve na cultura pop ao longo das últimas décadas. Produzido pela Shaw Brothers, empresa responsável por mais de 200 filmes do gênero entre os anos 1960 e 1980, Wu du foi levado para os Estados Unidos onde adquiriu o status de cult. De alguma forma, ele acabou inspirando comerciais para a televisão e chegou até os filmes de Quentin Tarantino – o mestre das referências – em Kill Bill: Vol. 1.
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