Divagações: Black Panther
27.2.18
Ainda que não seja exatamente uma ruptura com o que a Marvel Studios vem produzindo na última década, Black Panther é um filme surpreendentemente importante. Talvez essa produção seja para a Marvel o que Wonder Woman foi para o universo DC: uma prova inegável de que esses universos fantásticos (e lucrativos) não podem olhar para o mesmo público de sempre para toda a eternidade. E, mais importante, o sucesso do longa-metragem mostra que representatividade é sim uma questão importante, mesmo em uma indústria que sempre foi sustentada por homens caucasianos.
Mas, independentemente de sua mensagem política (que convenhamos, é indissóciavel de todo o seu contexto), Black Panther não deixa de ser um bom filme. Ele se situa em um meio termo entre a atmosfera descompromissada do universo Marvel e o amadurecimento natural do tema, já visto em filmes como Logan. O longa-metragem apresenta um microcosmo mais pé no chão, com problemas mais humanos e sem o excesso de humor que vem afastando algumas pessoas da "fórmula Marvel" de um tempo para cá. Se isso é bom ou ruim, depende de cada um.
A história se passa diretamente após os acontecimentos de Captain America: Civil War e expande o que já vimos no grande crossover da Marvel. Retornando ao mítico e oculto reino de Wakanda, um paraíso tecnológico no meio da África, o príncipe T'Challa (Chadwick Boseman) tem de lidar com a responsabilidade de sua coroação. Acompanhado de aliados como a general Okoye (Danai Gurira), a espiã e interesse amorso Nakia (Lupita Nyong'o) e sua irmã Shuri (Letitia Wright), T'Challa busca expurgar os fantasmas do reinado de seu pai e levar Wakanda para uma nova era de prosperidade. Contudo, o aparecimento de um antigo inimigo do reino – o mercenário Ulysses Klaue (Andy Serkis) – e de um americano com aparentes vínculos com Wakanda (Michael B. Jordan), somados à presença de um agente do FBI (Martin Freeman), ameaçam colocar todos os planos de T'Challa em risco.
Com um design de produção ímpar e uma temática visual e sonora que consegue mesclar futurismo e tradição, Black Panther se mostra como um dos filmes mais diferentes da Marvel, dando continuidade a essa leva de obras mais autorais e com mais identidade que temos visto no estúdio ultimamente. O afro-futurismo de Wakanda, ainda que não seja novidade nos quadrinhos e na literatura de ficção-científica, é algo que permanecia inexplorado no cinema, dando um frescor a referenciais visuais já batidos.
Seguindo o mesmo caminho, já digo para quem esperava que o filme fosse desviar de alguns assuntos polêmicos e evitar grandes polarizações que, bem, Black Panther aborda diretamente questões de racismo e colonialismo. Supreendentemente, são esses os dois grandes motivadores de toda a trama e da discussão mais profunda que o filme apresenta. Somando esses pontos a uma pegada mais shakespeariana sobre realeza e legado, esse é um filme que tem bem mais a dizer do que poderia parecer de início. Ainda assim, ele não chega exatamente a explorar todos esses questionamentos a fundo, algo esperado para um filme de ação.
Para completar, os personagens são interessantes e diversificados. Eu não hesitaria em dizer que esse é um dos filmes com o melhor elenco de apoio do universo Marvel, sobretudo com a ótima participação feminina. Além disso, ainda que acabe não tendo tanto espaço quanto Loki, por exemplo, o personagem de Michael B. Jordan provavelmente vai se tornar o vilão favorito de muitos, tendo uma das motivações mais críveis e identificáveis do universo cinematográfico da Marvel – ainda que não fuja muito daquele velho clichê da indústria de que o vilão tem os mesmos poderes do protagonista só que com uma roupa de outra cor.
Aliás, talvez o maior problema de Black Panther seja que ele não é grande coisa como um filme de ação. As cenas têm pouco impacto, a computação gráfica é medíocre em relação a outros blockbusters do gênero e os combates não tem peso – a sequência final, que ensaia um grande clímax, decepciona e entrega algo com uma escala muito menor do que havia sido anunciado pelos seus protagonistas. Ou seja, não há aquele espetaculo visual e a empolgação que se espera de um filme de super-heróis, sendo que esse talvez seja o filme mais "parado" da Marvel.
Isso tudo faz com que Black Panther seja um filme bastante único. Ele talvez não agrade muito aos fãs mais conservadores dos filmes da Marvel, que podem enxergar nos seus temas, na sua falta de humor (que fica basicamente todo por conta da personagem de Letitia Wright) e na sua ação medíocre uma separação muito grande do que eles consideram como o mais importante naquele universo. Mas, ao mesmo tempo, esse é um filme que abre portas para muitos que não ligavam muito para o universo cinematográfico do estúdio e/ou que já estavam cansados dos mesmos elementos de sempre. Ainda que, no final do dia, Black Panther não reinvente a roda, ele certamente a coloca em novos caminhos e não dá para negar que isso pode ajudar a definir o futuro dos filmes de super-heróis.
Outras divagações:
Ant-Man
Captain America: The First Avenger
Captain America: The Winter Soldier
Captain America: Civil War
Doctor Strange
Guardians of the Galaxy
Guardians of the Galaxy Vol. 2
Iron Man
Iron Man 2
Iron Man 3
Spider-Man: Homecoming
The Avengers
Avengers: Age of Ultron
Thor
Thor: The Dark World
Thor: Ragnarok
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
Mas, independentemente de sua mensagem política (que convenhamos, é indissóciavel de todo o seu contexto), Black Panther não deixa de ser um bom filme. Ele se situa em um meio termo entre a atmosfera descompromissada do universo Marvel e o amadurecimento natural do tema, já visto em filmes como Logan. O longa-metragem apresenta um microcosmo mais pé no chão, com problemas mais humanos e sem o excesso de humor que vem afastando algumas pessoas da "fórmula Marvel" de um tempo para cá. Se isso é bom ou ruim, depende de cada um.
A história se passa diretamente após os acontecimentos de Captain America: Civil War e expande o que já vimos no grande crossover da Marvel. Retornando ao mítico e oculto reino de Wakanda, um paraíso tecnológico no meio da África, o príncipe T'Challa (Chadwick Boseman) tem de lidar com a responsabilidade de sua coroação. Acompanhado de aliados como a general Okoye (Danai Gurira), a espiã e interesse amorso Nakia (Lupita Nyong'o) e sua irmã Shuri (Letitia Wright), T'Challa busca expurgar os fantasmas do reinado de seu pai e levar Wakanda para uma nova era de prosperidade. Contudo, o aparecimento de um antigo inimigo do reino – o mercenário Ulysses Klaue (Andy Serkis) – e de um americano com aparentes vínculos com Wakanda (Michael B. Jordan), somados à presença de um agente do FBI (Martin Freeman), ameaçam colocar todos os planos de T'Challa em risco.
Com um design de produção ímpar e uma temática visual e sonora que consegue mesclar futurismo e tradição, Black Panther se mostra como um dos filmes mais diferentes da Marvel, dando continuidade a essa leva de obras mais autorais e com mais identidade que temos visto no estúdio ultimamente. O afro-futurismo de Wakanda, ainda que não seja novidade nos quadrinhos e na literatura de ficção-científica, é algo que permanecia inexplorado no cinema, dando um frescor a referenciais visuais já batidos.
Seguindo o mesmo caminho, já digo para quem esperava que o filme fosse desviar de alguns assuntos polêmicos e evitar grandes polarizações que, bem, Black Panther aborda diretamente questões de racismo e colonialismo. Supreendentemente, são esses os dois grandes motivadores de toda a trama e da discussão mais profunda que o filme apresenta. Somando esses pontos a uma pegada mais shakespeariana sobre realeza e legado, esse é um filme que tem bem mais a dizer do que poderia parecer de início. Ainda assim, ele não chega exatamente a explorar todos esses questionamentos a fundo, algo esperado para um filme de ação.
Para completar, os personagens são interessantes e diversificados. Eu não hesitaria em dizer que esse é um dos filmes com o melhor elenco de apoio do universo Marvel, sobretudo com a ótima participação feminina. Além disso, ainda que acabe não tendo tanto espaço quanto Loki, por exemplo, o personagem de Michael B. Jordan provavelmente vai se tornar o vilão favorito de muitos, tendo uma das motivações mais críveis e identificáveis do universo cinematográfico da Marvel – ainda que não fuja muito daquele velho clichê da indústria de que o vilão tem os mesmos poderes do protagonista só que com uma roupa de outra cor.
Aliás, talvez o maior problema de Black Panther seja que ele não é grande coisa como um filme de ação. As cenas têm pouco impacto, a computação gráfica é medíocre em relação a outros blockbusters do gênero e os combates não tem peso – a sequência final, que ensaia um grande clímax, decepciona e entrega algo com uma escala muito menor do que havia sido anunciado pelos seus protagonistas. Ou seja, não há aquele espetaculo visual e a empolgação que se espera de um filme de super-heróis, sendo que esse talvez seja o filme mais "parado" da Marvel.
Isso tudo faz com que Black Panther seja um filme bastante único. Ele talvez não agrade muito aos fãs mais conservadores dos filmes da Marvel, que podem enxergar nos seus temas, na sua falta de humor (que fica basicamente todo por conta da personagem de Letitia Wright) e na sua ação medíocre uma separação muito grande do que eles consideram como o mais importante naquele universo. Mas, ao mesmo tempo, esse é um filme que abre portas para muitos que não ligavam muito para o universo cinematográfico do estúdio e/ou que já estavam cansados dos mesmos elementos de sempre. Ainda que, no final do dia, Black Panther não reinvente a roda, ele certamente a coloca em novos caminhos e não dá para negar que isso pode ajudar a definir o futuro dos filmes de super-heróis.
Outras divagações:
Ant-Man
Captain America: The First Avenger
Captain America: The Winter Soldier
Captain America: Civil War
Doctor Strange
Guardians of the Galaxy
Guardians of the Galaxy Vol. 2
Iron Man
Iron Man 2
Iron Man 3
Spider-Man: Homecoming
The Avengers
Avengers: Age of Ultron
Thor
Thor: The Dark World
Thor: Ragnarok
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
1 recados
Eu amei o filme, é um dos melhores deste ano. Michael B. Jordan é um dos meus favoritos, acho que ele fez um ótimo trabalho como Killmonger. Seu novo projeto com a HBO será incrível. Fahrenheit 451 será um dos ficção cientifica melhores filmes de 2018. O ritmo do livro é é bom e consegue nos prender desde o princípio. O filme vai superar minhas expectativas. Além, acho que a participação de Michael B. Jordan e Michael Shannon neste filme realmente vai ajudar ao desenvolvimento da história.
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