Divagações: Ecstasy of Order - The Tetris Masters

Acredito que uma parcela bem considerável da população mundial já deva ter jogado Tetris pelo menos uma vez na vida e duvido muito que v...

Acredito que uma parcela bem considerável da população mundial já deva ter jogado Tetris pelo menos uma vez na vida e duvido muito que você (sim, você!) nunca tenha jogado. Assim, não é difícil entender o argumento de Ecstasy of Order: The Tetris Masters. Afinal, trata-se de um jogo simples, viciante e desafiador.

Basicamente, o documentário acompanha um grande fã do jogo, Robin Mihara, enquanto ele tenta – e consegue – organizar um campeonato de Tetris. Para isso, ele entra em contato com pessoas como Thor Aackerlund, um homem recluso que foi campeão do jogo no início da adolescência; Harry Hong, primeira pessoa a registrar pontuação máxima; Jonas Neubauer, segunda pessoa a registrar a pontuação de 999.999; Dana Wilcox, uma viciada no jogo que não sabia que dava para virar as peças para os dois lados; entre muitos outros.

Obviamente, há uma crítica muito óbvia a se fazer quanto a Ecstasy of Order: The Tetris Masters. O evento é sempre tratado como um campeonato mundial, mas são convidados apenas moradores dos Estados Unidos. Há, inclusive, uma cena em que o entrevistado diz ter encontrado os melhores jogadores do mundo. Então, ele aponta para um mapa que, definitivamente, só tem um único país. Custava chamar a competição de Campeonato Nacional de Tetris?

Outro ponto importante (antes que alguém questione) é que o jogo tem uma versão estabelecida desde o começo: a lançada pela Nintendo em 1989. Ela tem muitas desvantagens que são mostradas pelos próprios jogadores – em especial, o controle do console –, mas é válida pelo sentimento de nostalgia que proporciona à geração de jogadores. O mais novo do grupo é Alex Kerr, que até tenta se enturmar, mas está visivelmente deslocado (e chega a ser chamado de baby Tetris granmaster).

Por se focar mais na seleção dos participantes (embora também mostre o evento em si), Ecstasy of Order: The Tetris Masters ganha alguns pontos ao explorar as personalidades das pessoas que dedicam tantas horas de seus dias ao Tetris. Todos eles são muito diferentes entre si, mas, de alguma forma, os dias que antecedem a competição acabam assumindo ares de um reencontro entre grandes amigos. Claro que há rivalidades, porém, essas coisas são disfarçadas por um período em prol de finalmente conhecer aquelas pessoas – e todas elas realmente valem a pena.

Além disso, uma das coisas mais interessantes do filme é perceber que ainda existe espaço para um jogo tão simples quanto Tetris. Mesmo em um mundo tão tecnológico como o que vivemos, ele ainda tem seu espaço garantido entre os jogos e consegue deixar as pessoas tão concentradas a ponto de sonhar com partidas!

Dirigido por Adam Cornelius, Ecstasy of Order: The Tetris Masters é leve e não faz muitos experimentos técnicos, tendo mais valor como um (excelente) registro dos acontecimentos do que como um (bom) documentário. No entanto, o assunto divertido e os personagens cativantes fazem muito pelo filme, de modo que o resultado final é realmente interessante – e faz resurgir aquela velha vontade de jogar Tetris.

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