Divagações: Janis: Little Girl Blue
28.2.17
Se você acha a sua vida agitada, talvez seja uma boa comparar com o dia a dia de Janis Joplin. Em Janis: Little Girl Blue acontece muita coisa e chega a ser triste pensar que, na verdade, tudo isso é referente a alguns poucos anos, já que essa garota – que tinha tanto a cantar e dizer – viveu apenas até os 27 anos.
O filme é um documentário bastante fluído que acompanha a jornada da cantora desde os primeiros anos da juventude até a fama. Isso é feito por meio de cartas escritas por ela e que, aliás, foram maravilhosamente lidas por Cat Power. Essas missivas são intercaladas por vídeos da época e por depoimentos de familiares, amigos, ex-namoradas, ex-namorados e conhecidos do mundo da música.
Obviamente, tudo isso também vem com muita música. Durante pouco mais de 100 minutos, ouvimos Janis Joplin cantar e gritar com um fôlego invejável e uma garganta inacreditável. E é ao som de Cry Baby, Summertime, Magic of Love, Me and Bobby McGee e, claro, Little Girl Blue que vamos nos aproximando de uma personalidade aparente difícil, mas suficientemente dócil. Aos poucos, somos apresentados a seus tormentos, a suas lutas – que continuam bastante atuais, como a eterna batalha pela aceitação pessoal contra os padrões de beleza preestabelecidos –, a suas aspirações – ainda que, por vezes, ingênuas – e a suas conquistas.
O contato com as drogas também surge cedo, tanto no filme quanto na vida de Janis. A produção traz seus momentos de altos e baixos, com as fases regadas a metanfetamina, heroína e/ou álcool, os períodos de sobriedade e as recaídas. Entre os entrevistados, há quem tente explicar os motivos do vício. Uns afirmam que se trata de uma tentativa de entender outros artistas, de sofrer como eles sofrem. Outros já acreditam que se trata de um escape, já que a artista sofreria demais naturalmente. Ninguém nega que sofrimento é a palavra-chave nesse caso.
Com isso bem claro, o que a diretora Amy Berg fez foi dar a Janis: Little Girl Blue uma perspectiva intimista e de calmaria, que contrasta com as fortes e loucas marés de sua retratada. Ao contrário da própria Janis, o filme volta repetidamente a Port Arthur, no Texas, a cidade natal da cantora. Lá, além dos familiares, há também amigos de antes da fama. Há gente que lembra da promessa que aquela jovem representava, mas também de quão deslocada e problemática ela podia ser. Quando esses momentos são intercalados por entrevistas posteriores, segundos de silêncio e sutilezas nas expressões ganham um novo significado.
Mas isso não significa que o Monterey Pop Festival, um dos pontos de virada de sua carreira, tenha ficado de fora. Aliás, a relação de Janis com a fama é muito importante para compreendê-la. Nesse aspecto também entra seu convívio com os demais membros de sua primeira banda – a Big Brother & the Holding Company –, que ocupa boa parte da produção.
Janis: Little Girl Blue é um documentário sobre a alma artística de Janis Joplin. Com uma montagem caprichada e uma narrativa linear, ele é adequado para quem não conhece a cantora, mas deve agradar aos fãs. Afinal, não há mesmo como reclamar de um filme embalado por essas músicas, cantadas com essa voz.
O filme é um documentário bastante fluído que acompanha a jornada da cantora desde os primeiros anos da juventude até a fama. Isso é feito por meio de cartas escritas por ela e que, aliás, foram maravilhosamente lidas por Cat Power. Essas missivas são intercaladas por vídeos da época e por depoimentos de familiares, amigos, ex-namoradas, ex-namorados e conhecidos do mundo da música.
Obviamente, tudo isso também vem com muita música. Durante pouco mais de 100 minutos, ouvimos Janis Joplin cantar e gritar com um fôlego invejável e uma garganta inacreditável. E é ao som de Cry Baby, Summertime, Magic of Love, Me and Bobby McGee e, claro, Little Girl Blue que vamos nos aproximando de uma personalidade aparente difícil, mas suficientemente dócil. Aos poucos, somos apresentados a seus tormentos, a suas lutas – que continuam bastante atuais, como a eterna batalha pela aceitação pessoal contra os padrões de beleza preestabelecidos –, a suas aspirações – ainda que, por vezes, ingênuas – e a suas conquistas.
O contato com as drogas também surge cedo, tanto no filme quanto na vida de Janis. A produção traz seus momentos de altos e baixos, com as fases regadas a metanfetamina, heroína e/ou álcool, os períodos de sobriedade e as recaídas. Entre os entrevistados, há quem tente explicar os motivos do vício. Uns afirmam que se trata de uma tentativa de entender outros artistas, de sofrer como eles sofrem. Outros já acreditam que se trata de um escape, já que a artista sofreria demais naturalmente. Ninguém nega que sofrimento é a palavra-chave nesse caso.
Com isso bem claro, o que a diretora Amy Berg fez foi dar a Janis: Little Girl Blue uma perspectiva intimista e de calmaria, que contrasta com as fortes e loucas marés de sua retratada. Ao contrário da própria Janis, o filme volta repetidamente a Port Arthur, no Texas, a cidade natal da cantora. Lá, além dos familiares, há também amigos de antes da fama. Há gente que lembra da promessa que aquela jovem representava, mas também de quão deslocada e problemática ela podia ser. Quando esses momentos são intercalados por entrevistas posteriores, segundos de silêncio e sutilezas nas expressões ganham um novo significado.
Mas isso não significa que o Monterey Pop Festival, um dos pontos de virada de sua carreira, tenha ficado de fora. Aliás, a relação de Janis com a fama é muito importante para compreendê-la. Nesse aspecto também entra seu convívio com os demais membros de sua primeira banda – a Big Brother & the Holding Company –, que ocupa boa parte da produção.
Janis: Little Girl Blue é um documentário sobre a alma artística de Janis Joplin. Com uma montagem caprichada e uma narrativa linear, ele é adequado para quem não conhece a cantora, mas deve agradar aos fãs. Afinal, não há mesmo como reclamar de um filme embalado por essas músicas, cantadas com essa voz.
0 recados